terça-feira, 6 de abril de 2021

O perigo ronda nossas crianças * Wladimir TB Soares/RJ

O PERIGO RONDA NOSSAS CRIANÇAS

Há uma questão não trazida ao debate sobre o retorno às aulas presenciais neste grave momento da pandemia em nosso país. À medida que a vacinação vai avançando, a população idosa vai sendo progressivamente protegida. Entretanto, o vírus continua circulando entre nós, inclusive com variantes mais contagiosas. Com isso, a população mais jovem e as crianças ficam, proporcionalmente, mais suscetíveis à infecção. Todavia, o país é extremamente carente de leitos de UTI infantil, o que torna essa população ainda mais vulnerável diante de uma alta taxa de contaminação e consequentemente adoecimento, inclusive na sua forma grave, quando, então, a mortalidade nessa população poderá ser desastrosamente extremamente elevada.

A vida é o bem jurídico mais importante de uma sociedade. Todo o resto (economia, educação, emprego etc) inexiste sem a vida. Estamos, desde o início, lidando com essa pandemia de forma amadora e irresponsável, negando a gravidade da situação, particularmente em razão de um comportamento do atual Presidente da República, e seus asseclas, de confrontar o conhecimento científico e doutrinar os seus seguidores com desinformação e mentiras, de forma compulsiva, criando uma tremenda instabilidade social, fruto da ignorância e brutalidade de muitos, que estão absolutamente afastados do plano da racionalidade, fazendo de um psicopata estúpido e boçal, o seu guia, o seu guru, o seu mentor intelectual e espiritual, passando a conduzir suas vidas e suas escolhas a partir das orientações insanas do seu "líder". 

Todos os países do mundo que, em algum momento, precisaram adotar o lockdown para tentar conter a circulação do novo coronavírus e reduzir o número de doentes hospitalizados e de óbitos, conseguiram bons resultados com a adoção dessa medida. Assim, o exemplo já está dado. Não há o que discutir sobre isso. A experiência empírica do fenômeno já provou a hipótese científica sobre essa questão. Naturalmente, isso exige a garantia de uma proteção social efetiva por parte dos governantes, particularmente do governo federal.

Dos 5570 municípios brasileiros, somente 521 deles dispõem de leitos de UTI, sendo a maioria deles destinados à população adulta. Portanto, assumir o risco de criar uma situação de alto risco para as nossas crianças e os nossos jovens carece, no mínimo, de razoabilidade, configurando uma irresponsabilidade política fundamentada no desprezo à vida humana e num apreço à indiferença.

O momento atual exige coragem de agir para fazer a coisa certa. Salvar vidas é tudo o que mais interessa neste instante. Qualquer outra coisa, ainda que importante, jamais será mais importante que a vida humana.


Wladimir TB Soares/RJ